terça-feira, 9 de julho de 2013

P.S - I love you

Escrevi isto para a mais nova. Tinha uma apresentação de (dança) improviso e a ideia era os alunos levarem uma carta de um familiar que só podiam ler no imediato começo da peça. Escusado será dizer que levei na cabeça da minha mãe porque a tinha posto mais a chorar que a dançar. Só para enquadramento, nesta altura já sabíamos que ía "para fora" uns tempos. Se a tivesse escrito hoje, tinha-a escrito com outras palavras mas o "sumo" era o mesmo. A Chica veio, mudou-me a mim e todos nós. Uma coisa é certa, revejo-me nela todos os dias e em todos os sonhos que, mesmo pequena, já vai tendo.


 
 
 
My Dear You,
(soa muito melhor escrever isto em inglês, sabe-se lá porquê!)

Se alguma vez tiver de voltar a escrever algo a alguém, será certamente para ti, para te contar o que um dia serás; uma maravilhosa mãe, muito dedicada e devidamente orgulhosa do(s) seu(s) rebento(s). Uma mãe como a nossa.
Escreverei também para te dizer que tenho saudades tuas, da tua beleza como pessoa mas também para te dizer o quão orgulhosa estou da tua persistência em perseguir um sonho (que sabemos arriscado, ou talvez não!) num mundo totalmente desconhecido.

Há projectos que na vida são uma espécie de maratona, longos, duros, verdadeiros testes de resistência e carácter. Tu, por algum motivo, foste escolhida para o fazer desta maneira. Nunca te esqueças, por mais só que te sintas agora, vai a fundo e não descanses enquanto não chegares lá! Será duro mas compensador, acredito!
O que te quero contar hoje é o verdadeiro sentimento que sinto agora e todos os dias quando olho para a Francisca e que acho que sentirás (dentro do seu tempo, claro!) o mesmo.

O Rodrigo foi o primeiro a vê-la, bem comprida e gordinha a sair de dentro de mim. Naquele momento, a primeira coisa que pensei foi que a gravidez e o parto tinham acabado e, em certa parte, toda a nossa “despreocupação” vivida até ali. Aquele momento ditava não só o nascimento de uma criança mas também o nosso crescimento enquanto seres. A partir dali, és mãe de alguém. Como se deixasses (quase) de ter uma personalidade jurídica que te define como tu és, para passares a ser “mãe de alguém”. Esse momento, é para mim, dos mais inesquecíveis e quiçá dos mais sinceros que vivi até hoje porque ninguém te ensina o que vais ser, a partir dali, és e pronto.
O segundo momento ocorre quando, ainda deitada na sala de partos e enquanto a limpavam e vestiam, pensava que este bebé tão desejado por todos (não só por nós dois!) iria funcionar como uma lufada de ar fresco para todos. Por momento, as pequenas intrigas familiares desapareciam no tempo dando espaço à convivência, à forma tranquila e respeitadora que todos deveriam ter. Porque afinal todos somos e vimos do mesmo, mas sabes como são as pessoas, não é? Portanto, ao nascer já trazia consigo alguma coragem porque naquele tempo e até agora já mudava o mundo em que vivemos.

Trouxe consigo também o desafio. Mudou-me o mundo, fez-me ver de um prisma totalmente vago até ao momento. Obriga-me a apreciar os momentos mais simples da vida, o que me rodeia e faz-me querer parar o tempo. Literalmente mandar parar o relógio. Cada vez que pega a minha mão para dormir ou quando sorri enquanto a amamento. Precisavas ver.

Quando fores mãe vais sentir a alma cheia, plena e principalmente muito tranquila como se te dissesse pela sua expressão “ Estas a fazer o teu melhor, eu adoro-te, continua para sempre”. Fui mãe porque acredito que o tinha de ser como tenho a certeza de que também o serás um dia.

Quando esse dia chegar, eu estarei ao teu lado, como sempre.
Sinto a tua falta ontem, hoje e amanhã.

Keep holding on!
Beijo
M.



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