terça-feira, 5 de novembro de 2013

A casa [e eu]

Ando a pensar nisto há dias. Gostava de a ter comprado para mim mas não deu. Que a Chica vivesse lá tudo o quanto eu vivi. Seria mentira se dissesse que não vou ter saudades dela.

"Não nasci lá" como a minha irmã mais nova mas todas as minhas primeiras recordações são de lá e não do apartamento onde vivemos antes de nos mudarmos. Do apartamento só me lembro mesmo da alcatifa.

Foi ali que tivemos o nosso primeiro jardim, uma data de cães de quem tenho saudades ainda hoje e foi naquela garagem que fiz a minha festa de 18 anos (entre outras tantas coisas). Lembro-me do primeiro dia em que a visitámos (ainda em construção) e dos azulejos com laçarotes cor-de-rosa que a minha mãe escolheu para a nossa casa de banho e que ainda lá estão. De uma cicatriz que ainda tenho no joelho desse mesmo dia.

Das festas de aniversário, das comunhões, das churrascadas, de saltar muros, dos escuteiros. De ver trovoada na varanda com o meu pai e achar aquilo um máximo. Da sensação de viver no sotão quando a mais velha saiu de casa (viver no sotão era sinónimo de "autoridade" entre irmãs).

Agora percebo a ligação daquela casa ao coração da minha mãe que até hoje se sentia "feliz" porque ainda não a tinhamos vendido. Está ali muita vida vivida, muito do nosso crescimento e muito daquilo que somos hoje, os cinco.

Se um dia mudar da minha casa para outra vou sentir o mesmo. Saudade.


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